Naquela tarde de Outubro, a primavera se arrastava cansada. As folhas das árvores continuavam a cair, e as árvores nuas, sentia o fino sol da primavera.
Foi em baixo da árvore mais bonita daquele cemitério que aquela garotinha foi velada e enterrada.
O caixão foi fechado, e colocado no orifício aberto terra adentro. A última coisa a preencher o caixão, foi a lágrima daquela mãe que tinha o coração partido e ao mesmo tempo completo.
As contrações começaram já na entrada do cemitério, e agora se encontravam mais fortes e com mais frequência. A mulher caiu aos braços do marido, e sua última visão, foi de sua postuma filha, ao lado de seu próprio túmulo.
A garota girava, brincava, saracotiava, como fazia em vida. Parou quando avistou uma luz muito alta. Uma escada se abriu em sua frente, guiando-a para cima. Andou em direção dela e subiu, subiu na escada para o paraíso.
Aquele lugar tinha cheiro de jasmim. Ouvia-se passáros e risos. E uma forte presença guiava aquela menininha para seu destino.
A mulher acordou no hospital na sala de cirurgia. Acordou assustada e atordoada. Na sala ouvia-se murmúrinhos e passos, que foram silenciados com um choro muito forte e alto. Aquele coração partido, por minutos foi restaurado.
Uma filha subiu aos céus, a outra desceu ao inferno.
Uma filha deixou o inferno, e outra deixou os céus.
Uma vida pela outra.
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